1 de janeiro de 2014

Invisible




Por muito tempo, na minha inocência, pensei que fosse fazer parte da história de alguém. Pensei que poderia ser uma peça importante na vida de alguém, mas quanto mais as pessoas se vão, mas eu percebo o quanto eu não passo de um mero detalhe, um momento de de puro tédio na vida de qualquer um.
Recentemente fiz 18 anos, recentemente o ano acabou também. Mas precisamente ontem. Não sei, posso estar errada, who knows: esse foi o ano mais vago da minha vida. Poderia não ter existido de maneira nenhuma, foi desnecessário. Perdi todos que me cercavam. Eu faria qualquer coisa pra ter tudo de volta. Só queria que me avisassem em que ponto eu errei. Mas daí me veio a idéia: não estão com raiva de mim, nada do tipo. Só não querem mais saber. Eu estou sendo apagada da memória de todos numa velocidade incrível. Se ao menos raiva sentissem...
Tudo o que eu sentia se tornou puro ódio e tristeza. Eu poderia começar do zero. Um ano novo, uma idade nova, aberta à novas oportunidades, me aguarda. Queria dizer que estava pronta pra mudar, pra esquecer tudo. Queria dizer que iria me tornar uma pessoa melhor. Mas eu sei que isso não vai acontecer e que as coisas pro meu lado só vão ficar piores. Sinto fortes dores de cabeça e vontade nenhuma de dormir, mesmo exausta; não tenho sono mas estou constantemente cansada. Se pelo menos a insônia me ajudasse a produzir algo as coisas não estariam tão ruins como estão agora.
As pessoas se vão, e eu já não tenho mais força pra ir atrás de outras. Eu já não tenho mais força de retribuir o amor que é me dado, eu simplesmente não vejo mais. Um estado que se mantêm firme e forte há muito, muito tempo.
Aprendi a lidar com as minhas tristezas com agressividade. Ofendendo. Magoando.
E eu fico apagada a cada instante. Ninguém gosta de alguém que lide com seus problemas dessa forma. Ninguém quer esse tipo de pessoa perto de si. E quanto mais triste eu estou, mais agressiva eu me torno. Não no sentido literal de sair por aí batendo nos outros e derrubando mesas, e sim nas palavras e atos impensáveis. Já que não consigo fazer parte da história de ninguém, é melhor que eu afaste todos logo de uma vez, aí eu não preciso ficar me machucando toda vez que alguém vai embora, pois não vai ter ninguém pra ir embora. É melhor que eu não os tenha em mente, quando nunca fiquei por um dia só na mente deles. É uma economia de tempo, de sentimentos desnecessários. Eu me sentiria vazia, mas saberia que não fui só um detalhe na vida de alguém. Prefiro ser... nada.
Eu queria muitas coisas, mas a que eu quero mais é conseguir dormir em paz, sem acordar no meio da noite chorando por tudo. Eu deveria ser forte e encarar tudo isso. É o que todo mundo diz. Mas não é fácil percorrer esse caminho sozinha. Pode ser até que eu consiga, mas não vai ser hoje, não vai ser amanhã. Pode demorar muito mais do que eu imagino.
Eu não planejo nada; não planejo fazer amigos, não planejo erguer minha cabeça de uma vez. Estive com a cabeça baixa por muito tempo, ainda estou. Levantar assim de uma vez pode causar problemas até maiores que os de agora.
Já que não me deram um motivo pro desprezo, eu vou dar-lhes um motivo. Não me restou mais nada além desse meu "campo de força" chamado raiva e tristeza. Vou usar o que eu tenho ao meu favor. Querem um motivo pra me desprezar sempre? Eu lhes darei o motivo. Não sou mais o que eu queria ser mesmo. Não tô ganhando nada com isso, mas também não estou perdendo nada. Não é possível perder o que não se tem.